Janeiro mostrou maior tranquilidade global. Depois de um trimestre tenso ao final de 2024, o início de ano foi marcado pelo otimismo em relação à agenda do novo governo norte-americano. A leitura é que os anúncios reflitam mais uma postura política e negocial que medidas efetivas. Como resultado houve menor pressão nos juros internacionais e espaço para retomada das principais bolsas.

Mercados locais acompanham humor global. Sem novidades no ambiente político e na gestão econômica, os mercados financeiros locais acompanharam o sentimento global mais favorável. O destaque do mês foi o bom comportamento do câmbio, que voltou a operar abaixo de R$ 6,00. A agenda econômica doméstica, no entanto, segue com viés negativo. As expectativas de inflação continuam em alta, o Banco Central manteve sua estratégia de aperto monetário e já é possível identificar os primeiros sinais de desaceleração econômica.

Hipóteses para o ano não se alteram. Apesar da maior tranquilidade dos mercados em janeiro, as hipóteses consideradas para o ano não se alteraram. O cenário continua sendo marcado pelo menor crescimento na Ásia e Europa, com juros elevados por mais tempo nos Estados Unidos. Localmente, a dívida pública mantém trajetória de piora, com pouca reação da gestão fiscal. Com maior aversão a risco global e fragilidade fiscal doméstica, os fluxos financeiros devem ser afetados, influenciando a dinâmica do câmbio, inflação, juros e crescimento.

Risco político entra no radar. Diante de um cenário de desaceleração econômica e aumento da desaprovação do governo, o tema de uma eventual reorientação da política econômica em 2026 entrou no radar. Ao longo dos próximos meses, no entanto, as condições favoráveis de renda e de aprovação do governo não trazem conforto para antecipar mudanças relevantes.