O Open Finance Brasil ainda está em andamento, mas já modificou o setor financeiro no país. Segundo Fabrício Violin, gerente executivo de Open Finance do BV, o fator mais importante está na mudança que o compartilhamento de dados entre bancos pode trazer para o mercado.
Quando falamos em Open Finance, a primeira coisa que se pensa é em abertura e mais acesso a dados, mas, o que isso significa? A resposta é simples: os seus dados financeiros contidos dentro do ambiente de uma instituição financeira, poderão ser compartilhados com outras instituições do setor para beneficiar você!
Pensando nisso, é importante entender o impacto do Open Finance Brasil e quais são as suas fases de implementação no sistema financeiro brasileiro. Afinal, é por meio dele que seus serviços financeiros podem se tornar mais personalizados! Quer entender mais? Continue a leitura!
Afinal, o que é Open Finance e como ele funciona?
O Open Finance é uma inovação que permite às pessoas compartilharem seus históricos financeiros, dados cadastrais e, inclusive, realizar transações financeiras com diferentes tipos de instituições financeiras. Essa solução é uma evolução do Open Banking porque nele você pode compartilhar mais informações.
O Open Finance Brasil tem o objetivo de dar ao cliente liberdade financeira e controle sobre seus dados pessoais e de transações, trazendo uma série de opções financeiras e facilidades, como, por exemplo, a possibilidade de melhores propostas de crédito.
Esse compartilhamento do histórico financeiro funciona por meio de APIs financeiras (Application Programming Interface) que conecta sistemas diferentes, facilitando a transação desses dados. As informações que podem ser compartilhadas pelas pessoas são:
- dados básicos (nome, e-mail, telefone, etc.);
- dados transacionais (perfil do cliente, conta-corrente, renda e até faturamento, no caso de empresas);
- dados de produtos e serviços (créditos, financiamentos, seguros, investimentos, empréstimos, entre outros).
Quem participa do Open Finance Brasil?
A participação no Open Finance é obrigatória para grandes instituições financeiras, classificadas como S1 e S2. Os bancos S1 são aqueles que possuem porte ou atividade internacional, igual ou superior a 10% do PIB do país, enquanto os segmentos S2 são aquelas que possuem de 1% a 10% do PIB, como determina o Banco Central do Brasil (BACEN).
Além disso, algumas fintechs e outros tipos de instituições financeiras fora do S1 ou S2, buscam integrar ao Open Finance, já que é uma boa oportunidade de se destacar no mercado competitivo e atrair ainda mais clientes.
No entanto, todas as instituições e bancos participantes devem fazer seu registro no Banco Central do Brasil e seguir as condições de segurança de dados imposta pelo BCB e a LGPD.
Quais as fases do Open Finance Brasil?
O Open Finance não é uma exclusividade do sistema financeiro brasileiro — são mais de 25 iniciativas similares no mundo. Mas, no Brasil, a proposta é muito mais abrangente do que em outros países.
Quando o termo Open Banking foi ajustado para Open Finance, o intuito era mostrar a grandiosidade e a escalabilidade que o ecossistema tem e pode ganhar no Brasil. Helen Child, co-fundadora do Open Banking Excellence, afirma que, atualmente, o Brasil lidera, globalmente, o avanço do Open Finance, graças à implementação bem-sucedida do Pix
Esse cenário reforça a importância de um processo de implantação cauteloso. Para garantir que isso aconteça, o Banco Central fez um planejamento dividido em quatro etapas:
1ª fase: compartilhamento de dados públicos das instituições financeiras
A primeira fase do Open Finance Brasil já foi implementada e consiste no compartilhamento de informações de canais de atendimento, de produtos e serviços, incluindo as taxas e tarifas de cada item ofertado. Nesse primeiro momento, as instituições financeiras passaram a disponibilizar dados de forma padronizada.
2ª fase: compartilhamento de dados do usuário
A segunda fase também já foi implementada. Esta fase possibilitou que o usuário compartilhasse informações cadastrais e de operações financeiras com diferentes bancos, como transações em conta, informações sobre cartões e operações de crédito.
O compartilhamento do histórico financeiro é feito apenas sob o consentimento do cliente, ou seja, cada pessoa precisa autorizar o compartilhamento para que ele realmente ocorra.
É importante ressaltar que, nessa fase, o cliente escolheu com qual instituição deseja que seus dados sejam compartilhados e por quanto tempo. A pessoa também teve total conhecimento de quais dados foram e ainda são compartilhados, entre eles faturas, saldos bancários, compras no cartão de crédito, nome, RG, CPF, etc.
Ou seja, a segunda fase do Open Finance Brasil trouxe autonomia financeira para os clientes, permitindo que seus dados fossem utilizados para diminuir a burocracia nas instituições e melhorar a personalização de produtos e serviços financeiros.
Além disso, tendo acesso às informações financeiras de uma pessoa, como faturas, saldos e compras realizadas , as instituições conseguiram conhecer melhor os hábitos e as necessidades dos clientes e geraram uma variedade de inovações para a construção de experiências satisfatórias e relevantes aos seus consumidores.
Por exemplo, imagine uma instituição financeira que oferece crédito aos clientes. Quando o cliente usa regularmente o cartão de crédito, essa informação é acompanhada pela instituição. Então, quando esse cliente precisar de mais limite para suas compras, a instituição pode oferecer uma opção mais vantajosa.
Isso não só cria um ambiente mais competitivo no mercado, mas também é benéfico ao cliente, pois ele recebe uma oferta mais atrativa, ajudando-o com suas finanças.
3ª fase: serviços à escolha das pessoas
A terceira fase do Open Finance também já foi implementada e Brasil trouxe aos usuários maior facilidade e agilidade na utilização de serviços. Assim, as pessoas conseguiram acesso aos serviços financeiros como pagamentos e encaminhamento de propostas de crédito, sem a necessidade de acessar os canais das instituições financeiras com as quais eles já têm relacionamento ou precisarem compartilhar seus dados financeiros para isso.
Nessa fase, os consumidores ganharam liberdade para utilizar serviços financeiros em diversos novos canais por meio de um ambiente seguro. Nesse contexto, podemos citar o Iniciador de Pagamento (ITP), que possibilitou aos consumidores realizar pagamentos e transações a partir de um único aplicativo de banco, ou direto do “carrinho” de uma loja online, tornando o processo ainda mais fácil.
4ª fase: ampliação de dados, produtos e serviços
A quarta etapa do Open Finance Brasil permite que o cliente compartilhe dados de mais produtos e serviços financeiros, como informações relacionadas às operações de câmbio, aos investimentos e seguros e à previdência.
O Brasil se encontra, atualmente, nessa fase. Sua inserção ocorreu em outubro de 2023, com 27 milhões de clientes e 40 milhões de consentimentos ativos, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Na prática, se trata de um processo parecido com o que foi realizado na segunda fase, mas ampliando a gama de produtos e serviços, como o Open Insurance e o Open Investments. Assim, as instituições podem trabalhar para tornar os seus portfólios ainda mais atrativos e completos, com ofertas relevantes para os consumidores finais.
A primeira fase do Open Finance Brasil foi implementada em fevereiro de 2021, e o mês de agosto do mesmo ano marcou o início da segunda fase, em que pela primeira vez foi possível compartilhar dados de clientes entre bancos – claro, com consentimento de cada pessoa.
Quais são os principais desafios do Open Finance Brasil?
Existem alguns desafios para o processo de implantação e implementação do Open Finance Brasil. A seguir, você ficará por dentro dos mais relevantes.
Desconhecimento generalizado
Um dos principais desafios do Open Finance Brasil está ainda no desconhecimento da população sobre o tema que, apesar de seu potencial em viabilizar novos produtos, essas informações não chegam ao público.
Espera-se que esse quadro seja revertido com o lançamento de demais funcionalidades, como as “transferências inteligentes” que possibilitam programar a transferência automática de dinheiro de um banco A para outra conta e em outro banco, por exemplo.
Adequação à LGPD
Mais um aspecto do processo de implantação do Open Finance Brasil é a obrigatoriedade na utilização dos critérios e regras definidos pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Segundo Fabrício, todas as etapas de implementação estão sujeitas aos termos da LGPD.
"O Open Finance rege um mecanismo seguro para compartilhar dados no mercado financeiro, mas a LGPD se sobrepõe aos regulamentos do BACEN", explica o gerente. Isso significa que, mesmo com as regras do Banco Central, a LGPD é a lei mais importante.
É fundamental seguir essa norma para garantir que as informações dos clientes sejam usadas de forma correta e segura. Assim, eles configuram o direito de manter sua privacidade e podem decidir quando parar de compartilhar seus dados.
Quais são as expectativas do Open Finance Brasil?
Com a superação desses desafios, a tendência é que o Open Finance Brasil abra uma série de oportunidades para o mercado, acima de tudo, para os clientes das instituições financeiras.
Entre as expectativas para o ano de 2024, está a criação de super apps, plataformas que vão reunir informações financeiras em um único aplicativo, como seus bancos cadastrados, permitindo com que as pessoas administrem essas informações em um só lugar.
Além disso, prevê-se uma maior interação com outros sistemas, como o Open Insurance, que permite que os consumidores compartilhem seus dados de seguros com outras seguradoras, instituições financeiras e até mesmo empresas de tecnologia.
Afinal, é vantajoso aderir ao Open Finance?!
O Open Finance Brasil,além de trazer serviços mais personalizados e maior controle sobre suas informações financeiras, também promove maior inclusão e competitividade no mercado financeiro. Abaixo, falaremos um pouco mais sobre isso.
Inclusão financeira
O Open Finance ao oferecer controle do usuário sobre seus próprios dados, abriu portas para que menos exigências e burocracias sejam enfrentadas pelas pessoas na hora de contratar serviços, como a criação de uma nova conta do zero e a espera para que ofertas adequadas ao seu perfil apareçam.
Assim, umas das principais vantagens do Open Finance Brasil é o amplo acesso aos serviços financeiros e, claro, a inclusão financeira, já que com esse novo método até mesmo as pessoas que não possuem uma conta tradicional nos bancos, aproveitaram dos produtos apenas compartilhando seus dados pessoais e transacionais.
Opções de pagamento e crédito variadas
Outra vantagem foi a melhora no acesso ao crédito e as diferentes formas de pagamento. Afinal, além de você conseguir avaliar taxas e cobranças mais atrativas, as instituições financeiras terão acesso ao seu histórico para conhecer melhor o seu perfil de consumidor.
Além disso, o Iniciador de Pagamentos (PISP), ferramenta que permite pagamentos sem a necessidade de abrir o aplicativo dos bancos para realizar a transação, já está em vigor, com pagamentos digitais mais rápidos e seguros.
Agora que você já sabe mais sobre como está sendo o processo de implementação do Open Finance Brasil e as perspectivas para as próximas fases, acesse nosso blog e fique por dentro do tema!