Banco digital e fintech são duas expressões que passaram a fazer parte do dia a dia e da rotina financeira de muitas pessoas nos últimos anos. O crescimento das fintechs trouxe consigo uma infinidade de novas possibilidades e assistimos, pouco a pouco, a revolução tecnológica que levou a vida financeira para celulares e seus aplicativos.
Os bancos digitais, por sua vez, tiveram a inegável sensibilidade de entender as dores e fraquezas no modo como o sistema bancário brasileiro pensava a experiência de seus clientes.
Um país de população jovem, com o uso de smartphones massificado e uma alta abertura ao digital (uma pesquisa da Deloitte, por sinal, indicou que 51% dos brasileiros têm o perfil de ‘aventureiros digitais’): o Brasil ofereceu a tempestade perfeita para o crescimento dos bancos sem agências.
Porém, afinal, quando falamos de bancos digitais e de fintechs, é tudo a mesma coisa? Todo banco digital é uma fintech (e vice-versa)? Passamos essa história a limpo e trazemos aqui as definições, diferenças e tudo o que você precisa saber sobre esse assunto. Continue a leitura!
Afinal, o que é uma fintech?
Fintech é a contração das palavras inglesas, "financial" e "technology" e, na prática, é a expressão usada para se referir a qualquer serviço financeiro, que é entregue por meio da tecnologia.
Outra definição interessante é trazida pela PwC , no seu segundo relatório anual sobre fintechs no Brasil, o Deep Dive 2019. Foram entrevistados, em parceria com a ABFintechs, a Associação Brasileira de Fintechs, líderes de 205 fintechs:
“Um segmento de empresas na interseção entre os setores de tecnologia e serviços financeiros que adotam modelos de negócio escaláveis e que inovam em produtos e serviços direcionados para atender a uma necessidade do cliente.”
Em outras palavras, fintech não é sinônimo de cartão de crédito e/ou conta de banco controlado por aplicativo para celular. Essa é uma categoria bem ampla que indica, basicamente, que aquela empresa entrega serviços financeiros que atendam a determinada demanda das pessoas, por meio da tecnologia.
O mesmo relatório da PwC mostra ainda que, 22% das fintechs brasileiras têm seu principal produto no segmento de ‘meios de pagamentos’. Outros 21%, em ‘créditos, financiamentos e negociação de dívidas’ e 10% em ‘bancos digitais’.
O restante está em setores tão variados quanto gestão de investimentos e finanças, financiamento coletivo (os chamados crowdfundings) e seguros — essas últimas têm até apelido próprio e são chamadas de insurtechs, junção das palavras em inglês insurance (seguro) e technology (tecnologia).
Toda fintech é uma startup?
Até aqui, conseguimos concordar que fintechs, por definição, englobam muito mais do que apenas os chamados bancos digitais, mas vamos colocar mais uma expressão para lá de popular nessa história: startups. Uma fintech, necessariamente, é uma startup (uma empresa jovem, disruptiva e com modelo de negócio escalável)?
Sim, fintech é uma das verticais de startups, assim como healthtech, enertech, adtech, lawtech são empresas disruptivas e escaláveis.
Muitas fintechs que balançaram o mercado nos últimos anos surgiram com equipes enxutas e com uma velocidade maior de implementar soluções para problemas específicos que empresas tradicionais e que hoje, apesar de já serem empresas mais consolidadas a cultura de “startup” continua presente.
Ainda que as fintechs pareçam ser ameaças para bancos sólidos, na verdade os dois polos estão formando parcerias para, além de uma transformação financeira digital, continuar inovando o mercado e assim todos ganham consumidores e empresas.
O que define um banco digital?
Banco digital e fintech não são a mesma coisa, mas qualquer empresa pode dizer ser uma fintech, já que não existe nada que regule se colocar assim frente ao mercado. Com bancos, as coisas mudam um pouco de figura e isso ganha materialidade legal.
O sistema financeiro brasileiro é regulado pelo Banco Central do Brasil (Bacen ou BC), que trabalha para que as regulações do Sistema Financeiro Nacional (SFN) sejam seguidas pelas instituições. Ou seja, toda empresa que presta serviços financeiros no Brasil precisa seguir as regras do Bacen.
Já para uma fintech ser um banco, digital ou não — seja de câmbio, de investimento, comercial ou múltiplo, mais de uma dessas atividades —, ela precisa atender a uma série ainda mais complexa de exigências do que aquelas que se destinam a fintechs, que trabalham apenas com pagamentos ou empréstimos entre pessoas, por exemplo. Os bancos cumprem, também, com as normas do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
Essas regulamentações visam a garantir a idoneidade da atividade e a segurança dos clientes. Por isso, é comum que fintechs que não são bancos se aliem a bancos sólidos para viabilizar legalmente as suas operações. Essa parceria pode tanto ser amplamente divulgada, como acontecer apenas nos bastidores.
O resumo dessa ópera é que, perante as regulamentações vigentes no Brasil, podemos dizer que um banco digital é uma empresa reconhecida como instituição bancária pelo Bacen e que ofereça serviços bancários de maneira 100% digital. Ou seja, um banco em que toda atividade, solicitação, pagamento, atendimento ou o que for, possa ser feito sem precisar se deslocar até uma agência ou escritório.
Dá para dizer, que nem todo banco digital é uma fintech e nem toda fintech é um banco digital mas são partes de um mesmo debate.
Por fim, todo banco, digital ou não, consta na lista atualizada diariamente pelo próprio Bacen, que indica a participação da instituição no Sistema de Transferência de Reservas (STR).
E por falar em banco digital e fintech
Tem outra história que tem tomado conta dos noticiários e atenções do mercado e de consumidores, quando o assunto é tecnologia no sistema financeiro: o open banking e suas promessas de revolucionar o sistema bancário brasileiro. Então, que tal seguir as leituras e entender o que é open finance e como ele funciona?